Os especialistas têm muitas ideias acerca do futuro da arquitetura, mas uma coisa é certa: ela deve evoluir juntamente com todas as tecnologias, visando, sobretudo, à eficiência. A arquitetura digital, por exemplo, já é uma realidade, assim como o emprego da realidade virtual na arquitetura. Com isso, a competitividade entre profissionais e empresas deve mudar sua postura em relação ao mercado de trabalho.
Aqueles que só sabem atuar de forma individual vão ficar para trás. Não há espaço para vaidade - a nova era deverá ser colaborativa.
O arquiteto precisa se adequar a essa nova realidade, pois os clientes estão, atualmente, mais exigentes e participativos nas decisões. Claro que seu instinto primordial será conceber e projetar sozinho, mas, se assim o fizer, estará limitando sua própria capacidade de crescimento.
Através do coletivo é possível obter diferentes pontos de vista sobre um problema e, assim, as respostas mais rápidas e eficazes surgem. Ouvir outras pessoas não é garantia de sucesso, porém, com a colaboração de outros, os arquitetos podem descobrir melhor quais as reais necessidades de seus clientes e gerar trabalhos que se relacionem adequadamente com o meio.
Com isso, construirão ambientes, edifícios e cidades mais belas e funcionais, onde a arquitetura sustentável e a mobilidade urbana têm papel de destaque. Esse tipo de solução tem origem não apenas em ideias individualistas, mas pensadas de forma coletiva.
“Defendo a ideia de que num futuro próximo nada de genial vai ser feito no isolamento. Ou seja, cada vez mais, teremos menos espaço para o trabalho individual e muito mais a lógica do coletivo, do colaborativo e da co-criação presentes na geração de valor de organizações de todos os portes nos mais variados segmentos.” - Arthur Bender, especialista em marcas, em reportagem de CAUBR.
Mas o que é arquitetura colaborativa?
A arquitetura colaborativa se afasta totalmente da ideia de “produção por um único indivíduo”. Pelo contrário, ela é de múltiplos atores. São diversas pessoas envolvidas em torno de um propósito comum. Profissionais com diferentes conhecimentos trabalhando juntos, em parceria com as comunidades. Esse é um jeito inteligente de conectar mentes criativas.
Essa ideia não é nova. Entre as décadas de 1960 e 1970, o italiano Giancarlo de Carlo já refletia sobre a importância de se ter uma arquitetura mais “participativa”. Ele defendia o envolvimento dos clientes no processo de elaboração dos projetos. Foi um momento impactante, pois percebeu-se os melhores escritórios de arquitetura até podem levar o nome de um único arquiteto, mas sempre possuem uma ampla equipe por trás.
No mundo atual, altamente conectado pelos meios de comunicação, dialogar com pessoas de diferentes campos do conhecimento é muito mais fácil. Seria improdutivo não explorar essa incrível oportunidade. A experiência da arquitetura colaborativa representa este momento onde as pessoas querem acreditar na confiança mútua, na partilha de tarefas e decisões, e na inovação.
Os atores envolvidos na arquitetura colaborativa
Quando se fala em arquitetura colaborativa, fala-se, principalmente, de arquitetos, parceiros e colaboradores em uma mesma equipe, mas também pode haver profissionais de diferentes campos, clientes, usuários e outros atores da sociedade civil.
Alguns podem pertencer a contextos diferentes, ter interesses e até objetivos diversos, mas, por algum motivo, irão trabalhar juntos. Na prática, o sucesso dessa empreitada só dependerá da boa interação entre atores.
São pessoas com múltiplas especialidades - como meio ambiente, antropologia, sociologia, engenharia e outros - formando um grupo ao qual o arquiteto pertencerá. O resultado ultrapassa a soma dos conhecimentos individuais e permite realizar obras mais complexas e eficientes.
Os desafios que o arquiteto do futuro deve enfrentar
O processo de arquitetura colaborativa exige mentes abertas. O sentimento de individualidade muitas vezes impede os arquitetos de aceitar sugestões e críticas, pois para eles é difícil compartilhar ideias. A coautoria de projetos, por exemplo, ainda é, por vezes, uma questão delicada. Portanto, será sempre um enorme desafio para as empresas saber coordenar essa colaboração, estabelecendo parcerias saudáveis.
“Questionar nossas crenças não é fácil, mas é o primeiro passo na formação de crenças novas e talvez mais acertadas.” – sociólogo Duncan J. Watts.
Infelizmente, alguns profissionais acreditam que devem focar na ideia do colaborativo apenas como uma forma de expandir sua marca. Talvez, pelo medo de se colocarem em situação de igualdade e terem suas ideias desvalorizadas, muitos evitam a interação com colegas de profissão ou clientes.
Isso é lamentável, já que, na verdade a troca lhe traria mais conhecimento e uma maior segurança em sua formação. Trabalhar em espaços de coworking de arquitetura, por exemplo, pode ajudar a quebrar esse tipo de barreira. Ser desafiado, muitas vezes, pode ser benéfico.
Como colocar em prática a arquitetura colaborativa?
Para que uma arquitetura colaborativa dê certo, cada ator envolvido no processo precisa deixar sua vaidade de lado e lidar com as diferenças, pois cada um trará consigo uma bagagem de histórias, de vivências e ideias pré-concebidas que precisarão ser respeitadas.
Toda a equipe deverá tomar uma postura flexível, aberta às discussões, ideias, metodologias, capital intelectual, conhecimentos multidisciplinares e recursos. Uma outra forma de colaborar é também procurar soluções para os clientes, como, por exemplo, oferecer as melhores opções de crédito para construção e reforma.
O arquiteto do futuro precisa pensar na sua profissão de forma menos individualista - o arquiteto genial - e mais voltada à coletividade. Ele precisa entender que seu trabalho sempre estará exposto a interferências e mudanças contínuas, quer queira ou não. Como diria a arquiteta Flávia Bastiani, em reportagem da Federação dos Arquitetos e Urbanistas: “Precisamos trabalhar de mãos dadas. Não temos como resolver tudo.”
Esse post foi escrito pela Viva Decora Pro, portal de marketing e notícias para Arquitetos e Designers de Interiores.